Por dentro de um carregador manual de celular


 E lá vou eu desmontar mais um brinquedinho chinês. Desta vez é um carregador manual (com dínamo) para celular. Já escrevi sobre ele lá no "Badulaques da China", então para mais informações é só ler o post. Comprei três destes carregadores para poder brincar sem me preocupar caso eu quebre alguma coisa. A foto dos três:


Carregador manual de celular
Atualização 06/03/2017: Agora em vídeo:


O aparelho é feito com um plástico que não inspira muita confiança e que pode quebrar facilmente com qualquer queda. Dois parafusos fecham a caixa e o carregador é assim por dentro:

Por dentro do carregador de celular

As engrenagens são feitas de plástico e vem besuntadas com uma graxa avermelhada. Minha experiência com engrenagens de plástico me diz que estas daí não devem durar muito caso o carregador seja usado por muito tempo. Tirei a plaquinha do aparelho pra ver melhor:

Carregador manual de celular - Placa

Tirei um tempinho pra desenhar o esquema da placa:


Esquema do carregador manual de celular

Pelo esquema vemos que o circuito é um clássico regulador de tensão com um transistor e um zener. O transistor é um M28S (olha o datasheet aqui) e o zener é de 6.8V ao contrário do que diz o silk da placa (lá está escrito 2.6V). Tive que dessoldar o zener e montar um circuitinho com um resistor limitador pra ver qual era a tensão nominal do zener. Com a queda de tensão do Vbe do transistor a saída do carregador fica em 6V.

Liguei a saída ao osciloscópio e dei umas maniveladas pra ver a variação da tensão de saída:

Forma de onda da saída do carregador


A queda final ocorreu quando eu larguei a manivela pra apertão o botão de STOP do osciloscópio. Mas dá pra ver que o regulador não deixa passar de 6V a tensão de saída.

Em outro teste eu retirei o dínamo do carregador e liguei na fonte de bancada. Como esperado ele funcionou como um motor DC comum e se comportou bem até com uma tensão de 9V, consumindo menos de 100mA da fonte.

Em um dos carregadores eu fiz um teste e acabei transformando ele em uma lanterna a manivela. Para isso troquei o LED vermelho do carregador por um LED Branco e abaixei o valor de R2 para 100R. Acredito que seja possível colocar mais LED´s e fazer uma lanterna melhor, mas preciso fazer mais testes.

Barbeiragem Técnica

Recebi estas imagens hoje, por e-mail. O caso aconteceu numa assistência técnica em São Paulo e foi registrado por Marcius Vitale, que muito gentilmente permitiu que eu as publicasse aqui e comentou:

"Vejam o que um esquecimento pode provocar.

O técnico que realizou a manutenção anterior, simplesmente esqueceu dentro da TV a lata de Pasta para Solda, o que provocou danos ao equipamento e poderia ter causado um dano bem maior.

É algo semelhante ao que acontece quando um médico esquece tesoura e bisturis dentro de pacientes."

Lata de pasta de solda

Lata de pasta de solda dentro da TV

Placa da TV danificada

Placa da TV danificada

Placa da TV danificada

Amplificador com TDA2002

Montei este amplificador já faz uns dois meses para usar na bancada e nem pensava em colocar aqui, mas já que não estou fazendo nada mesmo...

Amplificador com TDA2002

Quase sempre me vejo fuçando em algum projeto que envolve áudio e toda vez tenho que pegar as caixas de som do desktop para testes. Ano passado meu irmão mais velho me deu uma caixa de som destas usadas em som ambiente e a guardei para montar um amplificador exclusivo para a bancada. Como sempre o tempo foi passando e só em Abril deste ano eu larguei a preguiça e montei um amplificador pra ele. Eu já havia comentado sobre fazer um amplificador lá naquele post sobre o chaveador de portas paralelas. Isso foi em Abril de 2010 e dois anos depois ele finalmente ficou pronto.

Não tem muito o que falar, circuitos com o TDA2002 tem aos montes pela rede. Meu esquema é o mesmo do datasheet do CI com pequenas modificações:

Esquema Amplificador com TDA2002

Como eu só tinha uma caixa de som montei uma versão mono mas com duas entradas "mixadas" pelos resistores R8 e R9. Usei um potenciômetro linear para o controle de volume que em conjunto com R7 (de aproximadamente 1/4 do valor do potenciômetro) se "transforma" num pot logarítimico. Truque aprendido numa velha "Revista Monitor de Rádio e TV" da década de 70. R3 seria de 2.2 Ohms caso eu não resolvesse montar o circuito num sábado à tarde. Com as lojas de componentes fechadas acabei usando dois resistores de 1 Ohm em série que era o que tinha por aqui.

Como sempre usei um pedaço de placa padrão para a montagem:

Placa amplificador

Tirando os capacitores e resistores todos os componentes foram reaproveitados de outros equipamentos. Os conectores eu tirei de dois videocassetes de segurança que desmontei e estavam guardados numa caixa de sapatos que há anos espera que seja arrumada e seu conteúdo separado e catalogado. Destes videocassetes saiu também o dissipador para o CI TDA2002. O knob do potenciômetro (e o adesivo plástico que coloquei "temporáriamente" no painel) veio de um controlador de temperatura:

Amplificador com TDA2002

A caixa de metal é a do chaveador de portas paralelas mesmo. Para tirar a tinta da marcação antiga do chaveador foi só usar passar um algodão com acetona. Até o CI TDA2002 foi reaproveitado. Ele veio do meu primeiro amplificador, que montei há quase 20 anos! Estava guardado desde aqueles tempos nas caixas de componentes (quem guarda tem).

Para alimentar o amplificador usei uma fonte chaveada de um scanner velho de 12V x 1A ou 2A (não lembro). A fonte seria colocada inteira dentro da caixa, mas como não caberia tive que tirar ela da caixa plástica. Para prender ao fundo da caixa do amplificador usei duas presilhas plásticas:

Montagem do amplificador

Tá, não ficou lá muito bonito, mas tá funcionando e a qualidade de som ficou muito melhor que a das caixas do meu PC (que preciso dar uma modificada pra ver se melhora). Ainda não medi a potência de saída, pois não tenho um gerador de áudio e nem uma carga de testes. Vou ver se monto os dois e faço umas medidas.

E pra finalizar um comentário sobre a fonte. Retirei o resistor R54B que fica embaixo da fonte:

Placa da fonte do amplificador

Olhando a placa pela primeira vez notei que a parte de alta tensão da fonte era ligada a saída por meio de uma rede de 4 resistores de 4,7M. Fiquei preocupado com isso e ao montar o amplificador retirei o resistor por não confiar muito neste arranjo.

Montando uma referência de tensão, resistência e (quase) corrente.

Faz tempo que não posto uma montagem minha por aqui, então vamos lá...

Os motivos para ter montado o circuito são estes:

Multimetros
Sei que tem alguém que vai falar que juntando tudo não dá um Fluke, mas paciência...
Então, como vocês podem ver acima eu tenho alguns instrumentos de medição por aqui e gostaria de conferir como anda a precisão deles. O Minipa ET-2060 é meu primeiro múltimetro, comprado há quase vinte anos e é o que mais uso por aqui. O segundo mais usado é o BK Precision 2703C e aquele grandão analógico (Icel SK-550A) fica de plantão praqueles casos onde só um analógico consegue fazer o serviço. Os demais foram salvos de uma reciclagem e não confio muito.

Tem mais um "motivo" (o principal) que chegou esta semana (parte dele está na foto título do blog e ele deve ganhar um post só dele em breve) que também precisará de uma referência de tensão, resistência e corrente. O caso da corrente será discutido ao final do post, existe um problema que eu só fui ver quando terminei a montagem.

A primeira idéia para o circuito era assim:
circuito 1

Um regulador (U1) com uma certa precisão fornece a referência de tensão, R1 seria um resistor com precisão menor ou igual a 1% (Quanto menor melhor, mas mais caro também) e R2 seria para a referência de corrente. No pino 4 de J1 cirularia uma corrente de 5mA quando este fosse ligado ao terra (pino 5). Teríamos então os valores de referência de 5V, 1k Ohms e 5mA com precisão dependendo apenas da tolerância dos três componentes. E o circuito seria alimentado por uma bateria de 9V para, talvez, ficar portátil e livre dos problemas que uma fonte de alimentação ligada a rede elétrica pudesse causar.

Decidido a montar o circuito parti para a busca dos componentes e consegui comprar 10 resistores de 1k de 0.1% de tolerância aqui no Brasil mesmo (Farnell, com direito a datasheet) e o "regulador", que neste caso foi um ADR02A da Analog Devices que é um CI de referência de tensão normalmente usado com conversores AD. Ele fornece uma tensão de 5V com no máximo 10mA e possui tolerância também de 0.1%.

Com os componentes em mãos fiz alguns testes iniciais e cheguei a conclusão que o circuito acima não seria o ideal. Se pegarmos um multímetro comum veremos que ele mostra de 0 a 1999 e se eu colocasse os valores que antes pensei em usar não estaria aproveitando toda a escala, já que o digito mais significativo ("1") não seria mostrado. Pra ficar mais fácil de entender, com 5V o multimetro teria que ser colocado na escala de 20V e mostraria 5.00V no display. Com uma tensão abaixo de 2V (1.5V por exemplo) ele leria 1.500V garantindo uma leitura mais precisa. Redesenhei o circuito, que ficou assim:
circuito 2

O circuito já é a versão final, que foi montada. Ele ainda fornece as referências de 5V, 5mA e 1k Ohms e com as chaves SW2 e SW1 agora dá pra selecionar os valores de 5/3V e 5/3mA (o que dá 1.66666... na leitura). Com o aumento do número dos resistores a precisão de algumas saídas mudou e os valores finais ficaram:

Saída de tensão:
  • 5V com 0.1% de tolerância (padrão do CI U1);
  • 5/3V (1.666... V) com 0.23% de tolerância (por causa da tolerância dos resistores R3, R4 e R5 do circuito de divisão);
Saída de corrente:
  • 5mA com 0.2% de tolerância (Tolerância do CI + tolerância do resistor R2)
  • 5/3mA com 0.2% de tolerância  (Tolerância do CI + tolerância dos resistores R6, R7 e R8 (tolerância de resistores em série é a mesma independente da quantidade, para resistores com tolerâncias iguais))
  • Existe um problema com a saída de corrente que será detalhada ao final do post.
Saídas RX:
  • 1k Ohms com 0.1% (Tolerância do resistor R9).

A montagem não foi tão dificil e foi feita em placa padrão mesmo. Só o CI ADR02A que precisou de uma placa adaptadora SMD:

Montagem final do circuito
A frente está torta por causa de um erro de cálculo... hehe
Eu pensei em usar uma caixa de metal, mas só tinha esta de plástico disponível. O painelzinho ficou assim:

Painel do aparelho

Imprimi o painel em uma folha de revista e passei o ferro de passar roupa para ver se dava certo. Quase deu certo, mas foi uma idéia idiota e não vou fazer mais isso...

Agora aos resultados, medidos com o Minipa:

Tensão:
Teste de tensão no Minipa

Corrente:
Teste de corrente no Minipa

 Resistência:
Teste de corrente no Minipa

Agora o B&K:
Tensão:
Teste de tensão - Multimetro BK

 Corrente:
Teste de corrente - Multimetro BK

 Resistência:
Teste de resistência - Multimetro BK

Pelas fotos dá pra ver que o BK mediu o resistor com erro de aproximadamente 3% o que está bem acima dos 1% para esta escala (dados do manual do multimetro). O Minipa mediu corretamente, o que me deixou em dúvidas sobre o resistor, afinal o Minipa tem mais de 20 anos e o BK não tem nem um ano de uso. Testei com mais resistores de precisão e realmente o BK está fora das especificações. Viram? O circuitinho já serviu pra alguma coisa, descobri que meu BK tem um probleminha.

As medidas de tensão ficaram dentro das especificações dos manuais (sim, eu ainda tenho o manual do Minipa, não costumo jogar fora os manuais de nenhum equipamento).

O Caso da corrente:
Em ambos os testes a corrente ficou fora do especificado. A questão é que deixei passar algo importante no circuito: Multimetros medem corrente de forma indireta, através da tensão sobre um resistor de valor conhecido. Nos casos acima, na escala de 2mA o múltimetro coloca uma resistência de 100 Ohms em série com o circuito e mede a tensão sobre ele. Assim no meu circuito o valor da corrente tem que ser reavalido por causa do efeito deste resistor. Em fábrica a leitura é calibrada com uma fonte de corrente constante. Isso me fez pensar que toda vez que você mede a corrente em um circuito a medida contém um erro já que não é a corrente "real " que flui normalmente no local medido. A corrente ali é alterada por causa do resistor interno do múltimetro.

É possível montar um circuito com uma precisão maior?
Esta foi outra pergunta que fiz enquanto montava o aparelho. E sim, é possível fazer um circuito com uma precisão bem maior. Só depende do quanto você pode gastar. No Ebay aparece de vez em quando resistores de 0.05% e até de 0.01%. Você pode encontrar resistores assim na Digikey e na Mouser também, mas os preços são bem salgados. Quanto aos CI´s de referência existem vários com precisão de até 0.01% como o AD588.

Construindo uma antena interna para TV

Bom, antes de falar sobre a antena interna que tive que construir (para que a patroa pudesse assistir novela no quarto) vamos dar uma olhada na solução que não deu certo:

Antena Baby Color

A antena interna aí de cima foi comprada numa loja de 1,99 para ver se melhorava a recepção da TV do quarto, onde "provisoriamente" havia somente um fio de uns 50cm ligado ao conector de entrada e pendurado na cortina. Confesso que deveria ter dado uma olhada melhor antes de comprar essa daí, mas agora já foi. A última frase escrita lá embaixo é "TV - FM - VHF - UHF" o que já é de se estranhar: Não dá pra fazer uma antena de VHF ou FM com elementos deste tamanho (17cm o maior, que lembra um dipolo dobrado). Foi burrice minha mesmo, deveria ter lembrado das aulas sobre antenas...

Mas continuando a história, esta antena perdeu feio para o fio pendurado. Testei também na casa da minha mãe onde a recepção é infinitamente melhor (visada direta e bem no alto) que aqui embaixo e deu no mesmo. Como o fio pendurado pegava mal alguns canais e eu havia prometido construir uma antena melhor, depois desta aí tive que honrar a promessa. A antena nova está muito melhor (embora a recepção continue meio ruim em alguns canais, a localização não favorece mesmo) e já está funcionando há alguns meses. E como ninguém quis a "baby color" nem de graça eu a desmontei hoje pra dar uma olhada. Vamos aos detalhes:

Antena Baby Color

Primeiro a bobininha com 17 espiras de fio esmaltado e 5mm de diâmetro. Esta bobina "liga" o centro do suporte metálico da parábola ao seu parafuso lateral e não aparenta ter utilidade alguma, já que este suporte é só um suporte mesmo (a parábola é toda feita de plástico não tendo nenhum elemento metálico):

Antena Baby Color

Os dois elementos da antena também não possem conexão com o cabo da antena (normalmente não tem mesmo):

Antena Baby Color

E por falar em conexção com o cabo, olha como o elemento principal é "conectado":

Antena Baby Color

É assim mesmo: o metal passa por dentro da fita e apenas um fio é conectado. Gostaria de ver os cálculos do "projeto" desta antena, não lembro de nada assim no livro do professor Justino...

Mas então qual foi a minha solução para o problema de ver novela no quarto? Foi este aqui:

Antena "dipolo" DIY

São duas antenas de rádio portátil iguais, ligadas a um cabo de 75 Ohms (que foi cortado de um cabo de RF de videocassete) dentro de uma caixinha Patola comum. Detalhe da conexão:

Detalhe da antena Dipolo DIY

A primeira versão não contava com a presilha plástica e quebrou o fio algumas vezes. Este "aprimoramento" prejudicou a colocação da tampa da caixa, mas nada que uma fita isolante não tenha resolvido.

Atualização 02/08/2012: Ajustando o tamanho dos elementos da antena acabei pegando a EPTV Sul de Minas digital (HDTV)!

Por Dentro do Urso Web da Estrela

Chega de falar de osciloscópios...

Então, eu já estava de olho neste urso já faz alguns anos. A antiga dona (uma ex-amiga minha) comprou para o filho dela em 2006 (acho), usou uma ou outra vez, tentou trocar a história dele, ou melhor, pediu para que eu trocasse e depois ficou guardado o resto desses anos todos. E só agora, numa arrumação de casa, ela acabou me passando o urso para que eu finalmente pudesse dar uma olhada.

Urso Web Estrela
O Urso Web foi lançado pela Estrela por volta de 2001/2002 e aparentemente não fez sucesso algum. Nesta época ele custava por volta de R$250,00, e este aqui foi comprado por uma fração do preço original alguns anos depois, numa promoção de liquida estoque. Ele pode ser descrito como uma versão mais moderna do Teddy Ruxpin e com "tecnologia nacional". Ao contrário do Teddy no Urso Web é possível mudar o rumo da narrativa em algumas partes apertando os "sensores" nas mãos, pés e barriga do urso. A tal da "tecnologia nacional" foi feita pela Constanta (que eu achava que nem existia mais, o que me deixou curioso desde a primeira vez que vi o "Powered by Constanta" na caixa do Urso).

Na caixa, além do urso, vinha um "cabo para internet" e dois "Web Cards". Os "Web Cards" eram cartões de papelão com um código para baixar 4 atividades (histórias inerativas) para carregar no urso. O "Cabo para Internet" era um cabo com um DB9 numa ponta e um conector DIN na outra. Nas costas do urso, abrindo o velcro, dá pra ver o conector femea, marcado como  "Entrada para Internet":

Urso Web Estrela

Ao contrário de outros bichos de pelúcia que eu já desmontei este aqui até que foi fácil de abrir. A parte de pano é fixada por presilhas plásticas (cada um chama isso de um nome diferente, clique aqui e veja sobre o que eu estou falando) e foi só cortar a do pescoço e uma embaixo que a "pele" saiu e ficou assim:

Urso Web Estrela

Sete cabos (6 sinais e 1 GND) saem da caixa principal do brinquedo para os "sensores" das mãos, pés, barriga e reset (nas costas). Estes sensores são apenas chaves comuns que comutam o terra para os outros fios quando apertadas. Eles são montados em plaquinhas como esta:
Urso Web Estrela - Sensor

Algo curioso que encontrei ao abrir o brinquedo foram estes panos colocados no buraco do alto falante:

Urso Web Estrela

Foram colocados ali provavelmente para tentar diminuir o volume do som, que é um pouco forte, realmente. Abrindo os "panos" me deparo com isso:

Urso Web Estrela

Mas deixa isso pra lá, eu não deveria me espantar tanto assim sabendo de quem era o urso...

Partindo logo para o que interessa, aberta a caixa principal vemos a placa, o alto falante e a caixa redutora com o motor que move os lábios do urso:

Urso Web Estrela Aberto

A placa vista por cima é assim:

Urso Web Estrela - Placa de circuito

Muito bom o uso de conectores deste tipo para os fios. É possível tirar a placa toda sem precisar dessoldar ou cortar fios. No canto superior esquerdo está o conector DIN marcado como RS232 (a "entrada para Internet"). CR1 é um cristal de 16 MHz para o microcontrolador (que está embaixo, já chego lá) e os dois transistores são um BC337 (Q2) e um BC547 (Q1). Estes dois transistores controlam o motor que move a boca do urso. O arranjo é bem legal com um circuitinho ligado diretamente ao alto falante (de 32 Ohms x 0.5W), assim a boca se mexe conforme a fala do urso. O alto falante é ligado ao CI DIP da foto que é um MSP53C391 (sintetizador de voz).

E do lado de baixo:
Urso Web Estrela - Placa de circuito

U1 é um ST232K (MAX232 genérico) para a serial. U4, U5 e U6 eu não consegui encontrar mais informações (são da ST com a marcação 4256AW6). Desconfio que sejam memórias EEPROM de 32kB cada  onde ficam guardadas os arquivos de audio (a história que o urso conta). O CI de 20 pinos é um velho conhecido meu: um microcontrolador MC68HC908JK1 da Motorola. Este microcontrolador possui apenas 1.5kB de memória Flash e não possui serial por hardware. O pessoal da Constanta deve ter tido um trabalhinho bom criando a serial para o RS232, a SPI para as memórias e a comunicação com o sintetizador, tudo por software e enfiar nesses 1.5kB.

A parte mecânica é bem simples, com apenas um motor. Olha a caixa de redução aberta:
Urso Web Estrela - Caixa do motor

Toda essa redução no final fica puxando uma mola que move a boca do urso:
Urso Web Estrela - Caixa do Motor

Infelizmente a Estrela não dá mais suporte ao Urso Web. Não é possível fazer o download do software para PC e muito menos novas histórias. Lembro que tentei usar o software na época e não consegui fazer funcionar com o urso (no Windows XP). Ele ainda está com a história original que dura um minuto mais ou menos.

Pra completar fiz um vídeo com ele funcionando:

Por dentro do osciloscópio 2530B da BK Precision

Continuando o assunto dos osciloscópios, esta semana rolou uma discussão sobre o scope 2530B da BK Precision nas listas que participo. Como eu tenho um destes que já saiu da garantia resolvi desmontar pra tirar umas fotos e obter mais informações. O osciloscópio é este aqui embaixo (na foto a ponta de prova é uma da DX que eu estava testando):


A princípio pensei que seria simples a desmontagem do aparelho já que apenas quatro parafusos prendem a tampa traseira. Acontece que dois deles ficam embaixo da alça do osciloscópio e esta alça não sai (não consegui tirar de jeito nenhum). Só consegui soltar os parafusos com uma chave philips fina e com muita paciência. Sem os parafusos puxei a tampa traseira e ouvi um barulho de plástico quebrando. Pensei que era uma trava ou mesmo um parafuso que eu não tinha visto. Mas foi isso aqui:


A chave liga-desliga que fica em cima do aparelho e cujo knob passa pela tampa traseira ficou presa nesta e  ao puxar eu quebrei o pino da chave. O correto é retirar o knob da chave antes de abrir a caixa. Tive que colar o pino quebrado com Super Bonder na hora de remontar o aparelho. O remendo deu certo e a chave está funcionando normalmente.

A caixa interna do scope é assim:

A tampa traseira é só encaixada nas laterais e fica presa só pelos parafusos do conector DB9 da serial. Retirada a tampa vemos a placa principal e a placa da fonte:
Tem uma tampa em cima presa com dois parafusos que tem que ser retirada pra abrir caminho para a chave poder alcançar os parafusos da placa principal. Placa esta que é presa também pelos conectores BNC ao painel frontal. A placa principal é esta aqui:
Os circuitos dos canais de entrada são blindados, mas na foto aparecem sem a tampa, que eu retirei pra poder mostrar melhor. A terceira e última placa do aparelho é a placa do painel frontal:
Como dá pra ver são oito encoders rotativos e vários pads para o teclado de membrana frontal. Alguns destes pads possuem LED's SMD que iluminam algumas das teclas da membrana. Embaixo é assim (os ci's são multiplexadores analógicos):
Dando uma olhada mais de perto na placa principal vemos primeiro o processador Black Fin ADSP-BF531 da Analog Devices ligado a 64Mb (8MBytes) de Flash (S29GL064N90) e 128Mb de DRAM (H57V1262). Embaixo, ao lado do buzzer tem o controlador USB ISP1362:

Os circuitos de entrada dentro da blindagem:
Depois de tirar as fotos da camera e com o scope já remontado foi que eu vi que não tinha anotado os códigos dos CI's da entrada. Embaixo, fora da blindagem, tem alguns multiplexadores analógicos (74HC4051 e HC4053):
Deixei o principal para o final, que são os conversores A/D das entradas ligados a uma FPGA Cyclone IV da Altera:
Em cima, lá no canto direito tem um controlador do LCD (HX8817) e embaixo da placa tem uma PLD LCMXO256 da Lattice:
Nestas duas últimas fotos dá pra notar que existem locais para mais três conversores A/D's que devem ser usados em outros modelos de osciloscópios. E por falar nos conversores A/D's, foram eles que me levaram a abrir o aparelho. O único problema é que a BK raspou os CI's! Sem o part number dos conversores fica difícil avaliar se os circuitos são superdimensionados como nos aparelhos da Rigol que com uma troca de firmware podem passar, por exemplo, de 50MHz para 100MHz.