Meu primeiro contato com o novo padrão brasileiro de tomadas

Essa semana saí pra comprar uma régua de tomadas pra bancada e acabei me deparando com o novo padrão brasileiro e sua total incompatibilidade com os equipamentos eletrônicos que tenho em casa. Fui a três lojas de material elétrico e de construção e em todas só havia réguas com o novo padrão. Por sorte na última loja o vendedor conseguiu encontrar uma com quatro tomadas de três pinos (como as de filtros de linha). Como eu precisava de duas acabei por levar uma da nova também. O vendedor me disse que era só cortar o plástico em volta da tomada pra ela ficar igual as antigas.

O interessante foi que ao chegar em casa notei que as proteções plásticas em volta das tomadas são destacáveis e depois de retiradas elas realmente servem para os plugs antigos. Na verdade, a tomada não passa de uma comum que aceita tanto os plugs chatos quanto os redondos e a proteção plástica talvez seja uma solução encontrada pelo fabricante para vender o seu estoque antigo. A tomada não está totalmente dentro da norma (falta o terceiro pino central de terra) e talvez ainda vejamos muitas dessas tomadas “híbridas” até o novo padrão se tornar definitivo.

Nota: Um bom documento sobre o assunto pode ser lido aqui (em PDF).

Amplificador reciclado para fones de ouvido

A Séfora me pediu pra pensar num “projeto” que vai precisar de um pequeno amplificador de áudio e como não quero (e nem compensa) sentar na frente do PC pra desenhar e confeccionar uma placa, montar e testar resolvi reaproveitar de algum equipamento. Como candidatos surgiram um par de caixas amplificadas de PC (com o TBA820) e uma placa de áudio do Game Gear. As caixas são do meu irmão e a placa do Game Gear é melhor guardar pra consertar algum console que venha a aparecer. Por falta de opção resolvi apelar para o drive de DVD abaixo:

DVD-ROM Creative
Trata-se de um leitor de DVD-ROM da Creative fabricado em 2001. Ele já não lia nada e como o PC reconhece o drive parece ser um problema na parte óptica (ele também abria a gaveta e rodava o disco). Além da mania de desmontar todos os aparelhos eletrônicos que vejo pela frente tenho uma outra mania que é a de anotar os códigos dos componentes mais “interessantes” dos aparelhos. Também tomo notas sobre alguma informação que possa ser útil no futuro. No caso desse drive o componente interessante está marcado na área em vermelho da foto:

Placa do DVD
Trata-se de um CI APA2308 da Anpec que segundo minhas anotações além de amplificador para fones também pode fornecer por volta de 250mW de potência em 8 Ohms. Vários drives de CD-ROM e DVD-ROM antigos possuem uma saída de fones no painel frontal (que ninguém usa) e é uma ótima forma de se conseguir um amplificador. A grande vantagem é que já vem com o potenciômetro e a saída para fones montadas na mesma placa:

Placa amplificador lado de cima
Basta dar uma olhada no código do CI, que normalmente é de 8 pinos, e depois procurar pelo datasheet. A partir do esquema básico do manual já dá pra encontrar os pontos de alimentação, terra e as duas entradas. Alguns CI’s podem ter um sinal extra para mute ou shutdown. No meu caso encontrei as trilhas necessárias e demarquei uma área para cortar e ficar só com o que interessa:
Placa do Amplificador lado SMD
Depois de cortado soldei os pinos para sinal e alimentação. A placa pode ser vista abaixo, onde se nota dois resistores extras (de 4k7) que formam um divisor de tensão para a tensão de referência (Vcc/2) para os amplificadores. No original essa tensão também vinha da placa principal.
Amplificador para fones
Para testar liguei um fone na saída e alimentei o circuito com 5V. Como sinal usei meu dedo na entrada e ouvi o ronco de 60 Hz nos fones. Dependendo da aplicação pode ser necessário modificar os valores dos resistores que determinam o ganho do amplificador.

Amplificador para fones
E pra terminar uma foto da placa principal do drive. Na maioria dos casos dá até pra retirar a parte do amplificador de fones e o drive continuar funcionando sem problemas.

Placa do DVD

Um ano de blog e outras noticias...

Pois é, o blog completou um ano (Pelo menos aqui no Blogger, ele já existia no Wordpress.com mas migrei pra cá para poder fuçar no layout) A idéia era criar um espaço para colocar minhas gambiarras e projetos. Também era mais um caso de “já que ninguém faz, faço eu”. São poucos os sites de eletrônica em Português, mantidos por alguns corajosos, como o Tabajara, o Luciano Sturaro e o Jefferson Ryan (mais informática). É difícil encontrar pessoas que queiram compartilhar o que sabem e esses três são bons exemplos a seguir.

A princípio pensei que seria fácil montar e manter o blog atualizado. Um ano se passou e só consegui escrever 39 posts, mas continuo tentando atualizar toda semana. O grande problema é a falta de tempo: Eu tenho um emprego como todo mundo, além de fazer um ou outro trabalho em casa. Fora isso tinha a faculdade também. E esse “tinha a faculdade” é a segunda noticia do post. Após 11 anos (!!!!) eu finalmente consegui concluir o curso de engenharia. Foram longos anos de desistências, semestre trancado, dívidas e outras coisas que finalmente acabaram (tá, as dívidas ainda demoram um pouco pra acabar). Sobrará um pouco mais de tempo para as gambiarras e posts.

Quando da criação deste blog planejei que seria somente sobre eletrônica e como talvez aparecesse alguma idéia ou vontade de escrever sobre outros assuntos seria necessário criar um segundo blog. Assim surgiu também o que depois se tornaria o Cuxaxo que acabou virando o blog da Séfora (é, ela tomou posse), do qual eu tomo conta da “parte técnica” e escrevo alguma coisa quando dá vontade ou quando a Séfora insiste. O Cuxaxo acabou crescendo mais que este aqui e hoje ostenta até um pagerank alto (para o tamanho dele).

Mas o Pakéquis possui um feedback bem melhor que o Cuxaxo. A quantidade de comentários e e-mails que recebo por aqui é bem maior. E esse feedback ajuda muito a pensar em novos assuntos para os posts. Há muitos posts engavetados e outros por escrever, alguns que estão anotados desde antes da criação do blog mas que acabei adiando e adiando. Tenho inclusive idéias para alguns projetos feitos exclusivamente para o blog e que precisarão de maior planejamento e empenho de minha parte. O blog ainda não está do jeito que eu queria mas com o tempo deve chegar lá...

Conserto do feriado (DVD-4230N LG)

Eu não ia postar nada até terminar minhas provas, mas tive que consertar o DVD player das fotos abaixo e pensei em escrever um pouco sobre o caso.
DVD-4230N LGNão pude deixar esse DVD pra outra hora, pois minha irmã que mora em outro estado veio pro feriado e trouxe o aparelho pra eu dar uma olhada. É a “maldição do técnico em eletrônica”. Se você é técnico, mesmo que nunca tenha trabalhado com manutenção, sempre tem alguém (normalmente parentes e vizinhos) que vai te trazer algum aparelho elétrico ou eletrônico pra consertar. Não adianta explicar que não é a sua área. Normalmente a conversa acaba com a frase: “Mas você é técnico, tem que saber!”. Algum dia farei um post melhor sobre isso e contarei minhas desventuras com os ferros de passar roupa da Black & Decker (Aquele modelo preto e vermelho). Mas continuando...

Perguntei o histórico do DVD e minha irmã disse que ele era de uma vizinha e que ia ser jogado fora. O defeito era que o DVD não ligava nem pelo controle nem pelo botão no painel e o LED de “Power” ficava aceso direto. Segundo a vizinha o aparelho foi para a “assistência técnica” e após o tradicional “tempinho” para o orçamento foi declarado como irrecuperável. O aparelho é um DVD-4230N da LG relativamente velho.

Fonte do DVD-4230N LGComo o LED ficava aceso descartei a queima do fusível e pensei logo na fonte. Abri o aparelho e enquanto olhava a placa principal tentei ligar pelo botão do painel e senti que ele não fazia o barulho normal daquelas micro-chaves normalmente usadas para esta função. Resolvi desmontar esta parte do painel antes de checar a fonte para ver como era a chave. E para minha surpresa, após retirar a proteção (blindagem) metálica vista na foto abaixo, encontrei a placa de circuito impresso fora do lugar. Recoloquei a placa na posição certa e o aparelho voltou a funcionar.

DVD-4230N LG - Blindagem da placa do painelEste conserto me fez pensar em quantos aparelhos são jogados fora todos os dias com defeitos simples e de fácil reparo. Não acredito que a “assistência técnica” tenha declarado o “óbito” do DVD por falta de habilidade do técnico. Parece mais um caso de preguiça de procurar o defeito. O técnico deve ter olhado aquela placa enorme e pensado que não valia a pena desmontar tudo pra consertar a fonte.

Lançada nova revista de Eletrônica: Piclist

Foi lançada esta semana a revista do grupo Piclistbr. Esta primeira edição apresenta três montagens práticas (um medidor de ESR, uma sonda lógica e uma lâmpada de LED’s), além de noticias, artigos técnicos e tabelas úteis. O nível da publicação é excelente e vale a pena dar uma conferida.

Com 21 páginas a revista tem distribuição gratuita em PDF e pode ser baixada nos seguintes links:

Link 1 Link 2

E para conhecer o grupo Piclistbr clique aqui.

Madbox – 23 anos depois...

Após 23 anos resolvi finalmente montar a Madbox publicada na revista “Bê-á-bá da eletrônica” número 18 de 1984. Embora a revista seja de 1984 eu só fui ler esta edição (a primeira revista de eletrônica que eu li) em 1986.

MadboxNesta edição a “aula” era sobre 555 e a maior montagem de todas era a da Madbox, uma caixa de efeitos sonoros. Na época eu fiquei curioso em saber que sons ela poderia produzir. Foi daí que montei meu primeiro projetinho, o pisca-pisca do artigo sobre como fazer placas de circuito impresso. Para um garoto de 10 anos aquilo era um desafio e tanto. Tive que economizar pra comprar aquele 555 e deu muito trabalho fazer a placa, furar, montar e testar aquele pisca-pisca. A Madbox então seria algo impensável, uma montagem com dois CI’s não era algo pra minha habilidade...

Sempre que eu pegava essa revista relia a bendita matéria da Madbox. Com o tempo ela já não assustava mais. Na verdade cheguei a conclusão que não valia a pena montar algo tão simples e inútil.
Madbox montadaOntem enquanto fuçava nas velharias vi que meu velho “pront-o-labor” estava há muito tempo guardado e merecia um tratamento melhor. Estou me acostumando demais a apenas programar e fazer simulações. Então lá fui eu montar a Madbox. Modifiquei um pouco os valores dos componentes pra acomodar os valores de potenciômetros disponíveis aqui. Também retirei a etapa de saída com TIP31 do circuito original, pois me pareceu exagerada. Minha versão do circuito ficou assim:
Esquema da MadboxMontei tudo em menos de meia hora e funcionou de primeira. Realmente o professor Bêda Marques sabia das coisas. Um circuito simples e divertido embora ninguém consiga ficar com ele ligado por muito tempo. Muito bom pra irritar as pessoas, recomendo.

Madbox montadaEmbora o circuito seja bem simples o Proteus não consegue rodar a simulação de forma eficiente. Em meu computador ele levou a CPU a 100% de processamento (Pentium IV 3GHz) e mesmo assim não reproduziu o som de forma correta. Para os curiosos segue um vídeo de 1 minuto de barulho:

The X-Philes 1995 – A Era do CD-ROM

Mais uma vez retirando lá do fundo das velharias veio este CD-ROM chamado “The X-Philes” de 1995, produzido pela Synchron Data (Suécia). Comprei lá por volta de 1997 e conhecia o titulo desde quando um colega me passou o índice dele (Philes.lst) junto com vários arquivos para calculadoras HP-48. Este índice já é um mistério com seus 1.1MB. Até hoje não sei como e quanto tempo levou pra baixar isso de alguma BBS.
The X-Philes CD-ROM

Ironicamente em 1997 eu já acessava a internet e talvez todos aqueles arquivos já estavam disponíveis em algum canto da web. O grande problema era baixar tudo usando o modem de 14,4k e com medo da conta de telefone. CD-ROM’s ainda eram a melhor forma de passar arquivos grandes e/ou muitos arquivos de uma vez. Compensava muito mais comprar os CD’s, mesmo com os preços altíssimos (gravador de CD era lenda).

Lembro que o Juliano tinha muitos CD’s desses comprados nas Fenasofts da vida. Ele até me emprestou alguns como o “Cica Shareware for Windows” (duplo). Dava pra testar muita coisa sem precisar ficar perdendo tempo (e pulsos) baixando só pra ver que não era aquilo que você precisava. Bons tempos...

The X-Philes CD-ROM

E para relembrar os bons tempos alguma boa alma criou o CD.Textfiles com os grandes sucessos da época completos. O “X-Philes” está lá mas com o nome “Blackphiles” (eles tiveram problemas com uma série de TV de nome parecido, hehe). Vale a pena dar uma fuçada e reencontrar aqueles velhos textos de BBS e os GIF’s de 256 cores. Pena que não tenha uma versão nacional com os CD’s da Big Max, Neo interativa, etc...

TGIMBOEJ Brazil 2009

Pois é, já que ninguém fez, faço eu... Hoje enquanto organizava a bagunça por aqui lembrei da TGIMBOEJ ou “The Great Migratory Box of Electronics Junk” (algo como “A grande caixa migratória de sucata eletrônica”). Pra ficar mais prático vou chamar apenas de TGIMBOEJ daqui pra frente.

Durante a arrumação acabei montando uma caixa para começar uma “rede de compartilhamento de sucata” aqui no nosso Brasil. Já tenho alguns destinatários em vista e ela deve seguir viagem ainda esta semana. As regras para receber a caixa (haverá uma cópia dentro da caixa) estão no fim do post, junto com uma mini-FAQ traduzida e adaptada da Wiki oficial.
BrazilBasicamente é uma caixa de sucata itinerante onde quem recebe retira o que quiser e adiciona o que quiser e passa adiante. Depois que eu enviar a minha vou passar a atualizar lá na wiki oficial e aqui no blog o caminho que ela for percorrendo.

Quanto ao conteúdo inicial procurei variar o máximo que pude, com CI’s, relés, placas, componentes discretos e outras “curiosidades” que os destinatários poderão comentar melhor depois. Não pude encher muito, pois tinha que deixar espaço para as próximas adições. Eu ia comprar uma caixa padrão dos correios mas achei mais “ecologicamente correto” reaproveitar uma caixa do Submarino que de outra forma iria para o lixo.

BrazilAgora, as regras, FAQ e observações que comentei aí em cima:

Condições para receber a TGIMBOEJ:

1. Retire e adicione o quanto de lixo eletrônico quiser (mas mantenha leve, para um frete econômico). Mas nada de itens perigosos que possam causar problemas. Ou seja: nada de chaves de mercúrio, líquidos, itens muito frágeis, baterias, imãs muito fortes, etc...

2. Escreva, fotografe, documente... Ou seja: publique de alguma forma na internet suas impressões, o que tirou, o que colocou, etc... Pode ser em site, blog, Flickr, Picasa, Youtube, forum... Orkut eu não sei, pois precisa logar.

3. Há um bloquinho dentro da caixa. Adicione uma marca no seu nome para mostrar que ela já passou por você. Proponha um novo destinatário adicionando o nome e o e-mail/website no bloquinho.

4. Envie a caixa para uma das pessoas que estão no bloquinho (não precisa seguir a ordem) o mais rápido possível. Mas antes de enviar tenha certeza que a pessoa concorda com as condições e quer participar.

Lembre-se que isso NÃO É UMA CORRENTE! Não envie para o “próximo da lista” e nem indique alguém que não tenha interesse em divulgar e/ou compartilhar conhecimentos em eletrônica. O destinatário deve ser alguém para o qual valha a pena enviar a caixa.

TGIMBOEJ Brazil --- FAQ ---

Parece legal, como posso participar?

Quando receber um e-mail de alguém perguntando se quer participar, diga SIM e envie a ele o seu endereço físico. Isso, claro, se você se encaixa nos requisitos das regras de destinatários. Para isso tenha uma presença online, escreva sobre seus projetos, gambiarras e brincadeiras com eletrônica. Se fizer isso mais cedo ou mais tarde alguém irá entrar em contato.

De outra forma você pode deixar o seu nome e website na área de comentários deste post ou pelo e-mail de contato ou ainda na Wiki oficial.

Se receber a caixa, pra quem você pode enviar?

O destinatário deve ser alguém que você suspeite que tenha uma massa critica (ou ao menos interesse suficiente) em lixo eletrônico, tenha uma efetiva presença online e seja confiável o bastante para você acreditar que ele ira passar a caixa adiante. Naturalmente pessoas que tenham páginas de divulgação de seus projetos eletrônicos são as mais indicadas. Use o bom senso e escolha um bom destinatário.

Por que você iria querer receber uma caixa de sucatas pelo correio?

É importante manter uma caixa de sucatas para futuros projetos. Talvez um componente da caixa – ou a caixa inteira – possa lhe inspirar em seu novo projeto. Ou ela pode conter aquele componente que você procura há séculos. Ou ainda apenas pela diversão de entrar em nosso movimento de compartilhamento de sucata.

Não se apegue a detalhes…

Posso dizer “não” se alguém me oferecer a caixa? Claro que sim. Posso enviar para alguém cujo nome eu incluí na lista? Sim. Posso enviar para alguém que já tenha uma marca em seu nome? Sim. Se a caixa ficar cheia demais posso dividi-la e enviar para duas direções diferentes? Sim (mas não se esqueça de adicionar um novo bloquinho com nomes na nova caixa).

A placa MSX que encontrei dentro de uma máquina de fliperama...

Arcade Faz umas semanas fui até um ferro-velho aqui da cidade e acabei encontrando a máquina de fliperama aí do lado. Usando as táticas de como se comprar em ferro-velho e outros locais que vendem produtos usados acabei levando a placa da máquina pra casa. O motivo de levar somente a placa principal não seria o preço (com um pouco de conversa acho que não sairia tão caro) mas sim a falta de espaço: Não tenho onde colocar uma máquina destas.

Pois então... A aventura da descoberta, retirada e compra da placa eu descrevi lá no blog da Séfora. Aqui vou contar apenas os detalhes técnicos. Externamente a máquina não possuía nenhuma indicação escrita. Procurei por alguma placa de identificação mas não achei nenhuma. A porta do ficheiro e a parte de trás estavam abertas o que facilitou o acesso às placas. Como a caixa de madeira de uma máquina de fliperama (eu sempre chamei assim, sei que é errado, mas não gosto do nome “arcade”) é bem grande e com muito espaço vazio o dono do ferro-velho aproveitou pra encher a parte de baixo com outras coisas. Cheguei a identificar o chassi de um equipamento valvulado lá dentro (sem as válvulas).
Fliperama por dentro
A foto acima mostra a disposição das placas na máquina. O pó cobria tudo não dando pra identificar os componentes. Pela montagem sem componentes SMD já pude datar a máquina como tendo mais de 15 anos. Todas as placas eram fixadas à base de madeira sem espaçadores num arranjo bem precário. São quatro placas: a da fonte e amplificador de áudio, a do monitor, uma placa pequena com dois ou três CI’s para interface com o ficheiro e a motherboard. Retirei os quatro parafusos da placa mãe e cortei os fios (que estavam muito velhos e quebradiços). Como já falei lá no outro post não podia perder muito tempo então juntei a placa e um saco de resistores velhos (ainda não sei por que comprei isso), paguei, coloquei tudo na mochila e fui embora.
Retirando a placaEm casa com calma pude olhar melhor a placa. Abaixo vocês podem ver ela ainda coberta pela sujeira:
A placa sujaFoi preciso apenas um pincel para retirar a poeira e a placa ficou bem mais apresentável. Agora já dava pra ver os componentes. Foi preciso apenas olhar os chips de 40 pinos para entender que a placa não passa de um MSX. Lá estão o Z80, o 6255, o AY-3-8910 e o VDP TMS9128. A disposição dos componentes é muito parecida com a do Expert 1, acho que falta apenas o 74LS374 da saída de impressora.

Lado dos componentes da placaUma placa menor com uma memória 27256 veio conectada a placa principal por meio do conector no canto superior esquerdo da foto acima. A etiqueta da memória vem marcada: “KMARE” e datada de 03/09/89. Esta placa possui espaço pra mais uma memória o que indica que outras máquinas podem ter sido fabricadas com outros jogos de até 64k. O Jogo dessa aqui é o Knightmare, conhecido por aqui como “Pesadelo”.
Cartucho do arcadeContinuando com a placa maior, pela sua construção sem mascara de solda já desconfiei que ela era montada a mão. Na parte de baixo vemos seis fios de conexões que faltaram no projeto original. Também há algumas “gambiarras” na parte de componentes, como os dois eletrolíticos encavalados e os capacitores em cima do VDP. A BIOS está marcada como “ITS ROM” e datada de 16/09/90. Já a PCB vem marcada apenas como ITS e a data 04/88 na legenda de componentes. Procurei por mais informações na internet mas nem sinal de um fabricante com este nome.
Lado da Solda da placaJá tinha ouvido falar de máquinas de fliperama que eram MSX. O Alexandre (Tabajara-labs) tinha falado delas e até encontrou uma da Forte Games. Minha experiência com MSX é muito pouca, apenas brinquei com os Experts na escola no primeiro grau e só fiquei na parte de desenhar com a tartaruga. Até pensei em tentar ligar a placa e ver se está ok, mas vou deixar pra alguém que entenda melhor. Em breve trarei mais noticias sobre ela.

O que fiz além de limpar a placa foi ler o conteúdo da BIOS e do jogo. Caso alguém precisar posso enviar os arquivos em .BIN. É só avisar aí nos comentários ou no contato aí do lado.

Uma semana depois eu voltei ao ferro-velho e acabei encontrando a máquina no seguinte estado:
Fim do ArcadeUma pena que ela tenha acabado assim, mas pelo menos eu consegui salvar o principal.

Bom, pra terminar uma fotinha do saco de resistores. Preciso parar de comprar coisas velhas... Resistores Velhos

Dando uma olhada num Genius da Estrela

Continuando a falar de brinquedos vamos agora dar uma olhada no Genius da Estrela. Este aqui estava em excelente estado de conservação. Provavelmente foi dado a uma criança e logo em seguida guardado pelos pais. Isso acontece muito, os pais dão um brinquedo caro aos filhos e depois guardam pra não estragar e durar mais. Daí as crianças crescem e fica lá o brinquedo guardado no fundo do armário.
O Genius da EstrelaMas filosofadas a parte, o Genius foi lançado aqui no Brasil pela estrela lá no inicio da década de 80. Este aqui tem um carimbo na placa de circuito impresso (pcb) datando de Novembro de 1980. Nos EUA o nome original é Simon e era fabricado pela Milton Bradley (hoje Hasbro), que vem daquela brincadeira de criança chamada “Simon Says” (“Macaquinho disse” como é conhecida aqui no Brasil). Ele foi inventado pelo lendário Ralph H. Baer criador do Magnavox Odissey. Pelo estado de conservação achei que era só ligar e funcionaria. Só que antes de ligar seria necessário alimentar o brinquedo. Como é um projeto antigo o Genius usa dois jogos de pilhas separados. São duas pilhas grandes (“D”) e quatro pilhas pequenas (“AA”, o Simon usa uma bateria de 9V). Após um teste de continuidade nos suportes de pilhas descobri que elas não eram ligadas com o negativo em comum. Na verdade elas estavam em série! Isto fez com que eu buscasse uma forma diferente de alimentar o aparelho: Coloquei as quatro pilhas pequenas e usei minha fonte de bancada no lugar das pilhas grandes.
Os dois suportes de pilhas do GeniusCom a alimentação aplicada liguei o aparelho e apertei o botão de “partida”. Uma das luzes acendeu e tocou um tom no alto-falante. Segui o jogo até ouvir um tom sem a correspondente luz acesa (no caso a luz verde). Repeti o teste e notei que realmente o botão verde não acendia. Abri o aparelho e me deparei com a explicação do uso de pilhas grande: O Genius por DentroIsso mesmo, quatro enormes lâmpadas incandescentes. Eu já sabia que eram lâmpadas, afinal os LED’s daquela época não eram tão bons como os de hoje. Só não esperava ver lâmpadas tão grandes dentro do brinquedo. E como em todo brinquedo antigo da Estrela a qualidade da montagem chama atenção, como o uso de soquetes nas lâmpadas. Retirei a lâmpada do botão verde e chequei com a fonte externa. Ela acendeu normalmente o que indicava alguma falha no contato do soquete. Dei uma limpada na lâmpada e no soquete e atarraxei de volta. Problema resolvido! Agora o Genius estava em perfeito funcionamento. A maioria dos consertos de brinquedos normalmente são assim mesmo. Antes de fechar dei uma conferida nos componentes da placa. O “cérebro” do Genius é um microcontrolador MP3300 da Texas (uma versão do TMS-1000 feita exclusivamente para o Simon) e um CI driver SN75494 para as lâmpadas (o que explica a ligação em série das pilhas). PCB do GeniusUma boa surpresa do aparelho fica guardada em cima do suporte das pilhas pequenas. Num compartimento próprio encontrei uma lâmpada sobressalente ainda tampada com a fita adesiva original. Comparado com os brinquedos à venda hoje em dia o Genius é uma obra de arte. Lampada extraPara saber mais sobre a história do Genius/Simon veja este texto do próprio Ralph H. Baher onde ele conta como foi a criação do brinquedo. E para jogar o Genius em flash, clique aqui!