Daí eu montei um rádio a cristal (antes que seja tarde)...

Pois é, após tantos anos eu finalmente montei um rádio a cristal. Houve apenas uma tentativa (frustrada) há muitos anos. Se me lembro bem nem era um rádio a cristal tradicional, tinha um amplificador com transistores de germânio e era alimentado com pilhas de laranja, limão e outras coisas. Acho que saiu numa "Eletrônica Junior". Não consegui fazer funcionar...

Este aqui usa o mesmo bastão de ferrite da primeira tentativa. Ele estava guardado numa caixa de madeira com componentes que tenho desde pequeno. Domingo passado, com chuva e frio, mexi na caixa e reencontrei o ferrite e me perguntei: Por que não?

Catei um capacitor variável nas gavetas e montei rapidinho o radinho:
Rádio a cristal
Foto de celular, sem foco...
Para a bobina usei fio rígido comum. Com fio esmaltado fica mais bonito. As espiras foram presas com fita crepe. Primeiro enrolei uma camada de 50 espiras e fechei com fita. Depois enrolei mais 30 espiras para as conexões de antena e terra (a "receita" da bobina veio do primeiro esquema que encontrei no Google Imagens). O grande problema de quem monta um destes circuitos é o fone de alta impedância. Para o primeiro teste usei um Buzzer piezoelétrico. Como antena usei um pedaço do mesmo fio usado na bobina, com 4 metros. Consegui ouvir pelo buzzer o sinal da emissora local de AM. O volume é muito baixo, mas dá pra entender os locutores e as músicas.

Antes que alguém reclame o "Cristal" do nome é do cristal do diodo de germânio. Catei de uma sucata e parece ser um AA119, mas está meio apagado o texto no vidro.

Com o funcionamento comprovado comecei a procurar uma forma de fazer uma montagem definitiva. Pretendo levar o rádio para a casa da minha mãe, pois lá tem uma grade grande que deve dar uma boa antena além de poder fincar uma estaca de cobre na terra. Para isso seria bom uma montagem um pouco melhor que a da foto acima.

Catei uma placa universal para colocar o capacitor variável, já que era um modelo para PCB. Usei uns pedaços de MDF que sobraram das Makizou e um pedaço de chapa de alumínio fininha para o painel. Um knob grande de uma sucata de som completou o material:

Radio a cristal


Como o buzzer piezoelétrico não é muito bom de se usar como fone de ouvido coloquei um transformador para poder usar o fone comum de 16 Ohms do meu celular. Testei alguns trafos pequenos e o melhor desempenho foi com um transformador de 9+9Vac x 350mA. Usei os extremos dos enrolamentos tanto do secundário quanto do primário para fazer as ligações. O som ficou muito melhor que o do buzzer. O esquema final ficou assim:
Esquema do rádio a cristal
Montei o transformador num cantinho da placa de MDF. O conector de fones precisa ser colocado no painel, mas como usei um para PCB ainda não pensei em como fazer isso.

Rádio a cristal

Olha o diodo ali do lado do capacitor variável:
Radio a cristal
Para uma montagem de um Domingo frio e com chuva até que ficou bom. Sobre o "antes que seja tarde" do título, é uma referência a mudança das rádios AMs que migrarão para a faixa de FM.

Notas aleatórias de Sexta 25/07

Sony Shake 99
Foto: Divulgação
  • Comentei no Facebook sobre a noticia do lançamento do mini-system Sony Shake 99, o "mais potente do mundo" com 4000W RMS de potência. Fiz uma conta rápida e com 4000 W RMS de saída e supondo uma eficiência de 95% (Amplificador classe D) o tal aparelho consumiria no mínimo 4200 W da rede elétrica. As tomadas aqui de casa são de 127 Vac e pela norma ABNT NBR 14136 (Jabuticaba) o máximo de corrente seria de 20 A. Então a potência máxima que a minha tomadinha suportaria seria de 2540 W (P = I * V, lembram?). Logo eu não posso ligar um destes (segundo a norma), no volume máximo, na minha tomada. Conferindo o manual do aparelho, na página 50, vemos que o consumo de potência da rede elétrica é de 700W. Logo ou a Sony descobriu uma maneira de criar energia ou esta potência toda não é verdade. Advinha qual a alternativa correta?
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  • Ganhei algumas cartelas antigas de Electro-set da Letraset e acho que vou fazer umas plaquinhas só de brincadeira. Nunca fiz placas com elas. Normalmente quando preciso fazer alguma placa (o que é meio raro já que gosto de placas universais) uso o método de transferência térmica. O mais curioso é que descobri que o Electro-Set ainda é fabricado. Só não sei onde se encontra pra comprar. Se alguém encontrar, comprar e for usar eu não recomendo usar o método de limpeza descrito no site oficial, usando benzina.
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  • Outra coisa velha que ainda existe, mas não da forma original (O último número parece ser o 33 lançado em 2011), é o eZine "Barata Elétrica" do Derneval Cunha. Agora ele tem um blog com links, muitos links. De vez em quando sai algum texto, mas não como antigamente. Eu costumava pegar os zines no FTP da Unicamp, lá no século passado  (o primeiro número é de Janeiro de 1994). O engraçado é procurar os termos "Barata Elétrica" no Google e a primeira coisa que aparece é este vídeo:
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  • E o Orkut vai acabar. A maioria dos comentários que li a respeito falam de como as comunidades do site eram boas (o sistema do Facebook é muito ruim). No meu caso estou salvando alguns tópicos de algumas comunidades que participei em PDF e que talvez sejam uteis. Um exemplo é o tópico na comunidade sobre a revista Nova Eletrônica onde um ex-funcionário da revista conta histórias da época.
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  • Aliás, procurando pelo nome do autor do tópico acabei chegando no seu blog. Lá tem as histórias que ele contou da Nova Eletrônica e outras coisas relacionadas. Também tem alguns de seus projetos, como o da réplica do volante da Ferrari F1 2012. Vale a pena conferir.
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  • Finalmente consegui terminar de ler o livro "Small Signal Audio Design" de Douglas Self. Pra quem está acostumado a só encontrar livros sobre amplificadores de áudio com um ou dois capítulos sobre tudo que vem antes da parte de potência, este volume é um achado. Com pouca matemática e uma pegada mais prática o autor fala de pré-amplificadores, mesas de som, amplificadores de microfone, controles de volume (um capítulo só sobre isso) e tudo mais. Demorei pra terminar (desde o começo do ano) pois sempre voltava pra ler melhor um capítulo ou pra checar um circuito. Livro excelente!


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  • Conversando com um colega sobre a "guerra das placas" (Arduinos x RapBerry Pi x BeagleBone Black x Outras) eu disse que se fosse pra apostar em uma eu apostaria na Arduino Tre (se ela for realmente lançada). O motivo é a imensa massa de usuários da linha Arduino. Acho que não tem como concorrer. Outro ponto que gostaria de deixar registrado é que não vejo como a Intel Galileo entrará nesta briga. Uma saída de vídeo fará falta. E quem foi o gênio que pensou ser uma boa ideia colocar uma RS232 num conector de fone de ouvido?
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  • Já coloquei o link antes, mas não custa relembrar: Uma fazenda no melhor estilo do programa "Acumuladores", mas com equipamentos eletrônicos. São sete páginas com fotos.
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  • E a imagem aleatória da semana é da capa de uma revista de eletrônica Soviética. Poderia concorrer com as capas da revista Antenna dos fins dos anos 80:
Revista Russa
Não lembro onde encontrei esta foto...

Som do PC: Ativando o plano C e pensando no plano B...

Desde o ano passado estou trabalhando no projeto de um amplificador para o meu PC. As novas caixas de som já estão prontas e nada do amplificador. O problema é que eu fiz umas contas e o amplificador valvulado que eu estava planejando montar consumiria quase 25W quando ligado, sem sinal, só pra esquentar as válvulas (1,5A por válvula de saída, mais 300mA por 12AX7 na fonte de 6,3V). Para um aparelho que ficará ligado o tempo todo em que o PC estiver ligado (isso quando não for esquecido ligado, algo que já acontece com o amplificador atual). Este desperdício de energia é inaceitável e pelo bem do meu bolso e para não esquentar o quartinho do Pakéquis Lab decidi pular para o plano C. O amplificador valvulado vai ser montado, provavelmente ano que vem, pois já comprei todos os componentes. Mas não será usado no PC.

O plano B, como já falei no primeiro post da série, seria usar um CI TDA qualquer. Tenho aqui nas gavetas vários TDA2002, TDA2030, TDA2050 e TDA2009. Destes eu ficaria entre os TDA2030 e o TDA2009 que numa olhada rápida nos datasheets parecem ter uma qualidade de áudio melhor. Mas notem que eu disse que pulei para o plano C. O plano B ainda está de prontidão, mas até o momento não estou muito certo se ele vai ser colocado em prática. Então vamos ao plano C.

O Plano C envolve montar um amplificador estranho e isso me veio a cabeça durante uma visita ao ferro velho. Num dia de sorte encontrei por lá uma caixa de componentes e dentro dela havia um saquinho com 150 peças do CI RC5532. Na hora me lembrei de um projeto publicado por aqui na revista Elektor em Março e Fevereiro de 2011. Era um amplificador de áudio projetado por Douglas Self que levava nada menos que 32 NE5532 na saída. As características pareciam muito boas e o requisito "estranheza" estava claro. Mas antes eu precisava conferir outra caraterística que gosto em circuitos estranhos: dar um nó na "cabeça" dos softwares de simulação.

O LTSpice  não conseguiu simular, mas o TINA-TI rodou normal:
Esquema do amplificador

A simulação é só do estágio de saída, que é o que vou aproveitar do circuito original. As etapas de ganho e a fonte eu vou fazer diferente. O circuito de servo DC não vou colocar, pois acho desnecessário. Também vou reduzir a quantidade de amplificadores operacionais. O original leva 64 amp ops (com 2 por CI), na simulação usei 48 e no circuito final serão 44 em cada saída.

Algo que estava me preocupando era o consumo de energia do circuito. O projeto da Elektor usa um transformador na fonte de 8A em 18V. Achei isso meio exagerado e resolvi testar. Montei os 22 CIs no protoboard com um CI extra na entrada com um ganho de 30x (29,5 dB). Claro que não funcionou de primeira. Com esse ganho e essa quantidade de CI´s o circuito vira um oscilador e não um amplificador. Mas nada que (muitos) capacitores na linha de alimentação e um de compensação (150pF) no estágio de ganho não resolveram. O circuito final montado ficou assim:
Amplificador montado no protoboard

O resistor de saída na foto ainda é um de 8R2 de 5W. Ele já foi trocado por um de 8R feito com um pedaço de fio de resistência de chuveiro. Com uma alimentação simétrica de 15V consegui a potência que eu havia planejado alcançar: 7W RMS. Para esta potência a tensão de saída necessária é de 7,5V RMS na saída do estágio de ganho. Usei o osciloscópio para medir a saída, mas ainda não medi a distorção. A corrente na linha de alimentação ficou perto de 800mA, o que dá um consumo de 24W. Uma eficiência próxima de 30%, 5% melhor que um amplificador classe A. Mas isso na potência máxima. Sem sinal na entrada o consumo fica em 180mA, o que dá 5,4 W. Cinco vezes menor do que o consumo em repouso do amplificador valvulado. Claro que um TDA da vida consumiria menos, mas não seria um circuito estranho.

Parece que temos um vencedor e muito provavelmente será este o meu amplificador para o PC. No momento estou pensando em como fazer a placa, o pré, a caixa e a fonte. Mas isso fica pra outro post.

Apanhando das placas universais para LCD

Segue o que descobri até agora brincando com duas placas universais para LCD:

Atualizado em 23/07/2014: Ver o item 12 com a foto da tela LCD de notebook convertida em monitor.
0. Até agora não consegui colocar as placas pra funcionar..  

0. Consegui colocar as placas pra funcionar.

Onde comprar (clique nos links): 

1. Comprei duas placas para testar com a tela de um LCD de notebook (um Acer Aspire 5251-1069). O notebook era do meu sobrinho e ainda funcionava mais ou menos e a tela estava em muito bom estado. Comprei uma placa MT6820-MD que prometia transformar a tela LCD em um monitor (com uma entrada VGA) de computador e uma T.VST29.03 que além de entrada VGA tem HDMI, Vídeo composto, USB e sintonizador de TV analógica.

2. Por que eu comprei duas placas se eu só tinha uma tela? Simples: Devido a demora nas compras lá fora é melhor prevenir e ter uma segunda opção caso uma das placas falhasse. Comprei de vendedores diferentes no AliExpress e esperei quase três meses. E uma placa extra seria útil caso outro display LCD aparecesse (e isso acabou acontecendo!).

3. Começando pela placa MT6820-MD, seguem duas fotos. A primeira é do lado dos componentes, com o CI HX6820. Existem duas barrinhas de jumpers na placa, uma para selecionar a tensão do painel LCD (3,3V, 5V e 12V) e a segunda para programar a resolução da tela. A tabela para esta última configuração está na parte de baixo (segunda foto).

Placa MT6820-MD Universal

Placa universal de LCD MT6820
4. A MT6820-MD veio com um cabo LVDS, um cabo com o DB15 da VGA, outro com o conector de alimentação (12V) e mais um com uma placa de teclado. Ligando apenas a alimentação a placa consome por volta de 500 mA. O LED na placa de teclado fica verde por um tempo e depois passa para vermelho. Acredito que vermelho indique que a placa está desligada.

5. Não veio manual ou qualquer outra informação sobre esta placa. Por causa disso só descobri que a placa não funcionaria com o meu LCD quando fui testar. O LCD do notebook Acer 5251 possui back light de LED e tanto o controle LVDS do display quanto o controle deste backlight é feito por um único conector (de 40 pinos). Sendo assim o cabo que recebi com a placa não serve para o display. Tive que comprar o cabo certo e agora só daqui uns dois meses pra testar.

6. Neste meio tempo (Domingo passado) o notebook do meu irmão deu problema e morreu (Acer Aspire MS2265). Ele retirou o que lhe interessava (HD, memória, etc) e o resto, incluindo a tela, ficou comigo. Finalmente uma tela LCD com display de lampada fluorescente! Desmontei a tela e vi que o conector era o mesmo do cabo que veio com a placa (30 pinos). Pluguei o LCD na placa e liguei os cabos, menos o do inverter da lâmpada que não veio (improvisei um). Ao ligar a alimentação não aconteceu nada... O LED acendia verde e depois de um tempo voltava pra vermelho.

7. Após medir aqui e ali, resolvi buscar o manual do display (um B156XW01). Olhando a pinagem do conector no manual verifiquei que o cabo que eu tinha não era compatível com o display (foto abaixo). Grande erro meu acreditar que todos os displays tinham a mesma pinagem (a placa até pode ser universal, mas os cabos... Pfff). Procurando nos sites da China encontrei kits com 10 ou 12 cabos diferentes para estas placas. Então, se você for comprar uma placa destas veja qual o cabo do LCD você tem que comprar.

Cabo LVDS para LCD de notebook

8. No momento estou esperando chegar o cabo para o LCD com LED. Até pensei e comecei a preparar um cabo pra ligar na placa, mas está devagar. O conector usado nestas placas é com passo de 2mm e não tenho um compatível por aqui. Teria que soldar direto na placa e poderia dar algum problema. Chegando o cabo testarei o LCD. Caso não funcione daí sim soldo o cabo "customizado".

9. Ainda não liguei a placa com TV. Ela não tem os jumpers para selecionar a resolução. Acredito que deva ser automático (lendo as informações do display). Os vendedores não falam nada sobre isso.

10. Seguem fotos da parte de cima e de baixo da placa T.VST29.03 (com o CI TSUMV59XU). A placa não veio com os cabos, mas veio com um controle remoto (com teclas em Chinês) e um receptor de IR. O esquema para ligar o receptor IR e o teclado está no manual da placa. Importante observar que existem versões diferentes desta placa a venda. A com o CI TSUMV59XU é a que toca arquivos pela USB (veja tabela no manual).
Placa universal de TV para LCD T.VST29.03 TSUMV59XU

Placa universal de TV

11. A placa tem um amplificador de áudio integrado (com o CI NS4263) com um conector para ligar os alto falantes. Ao retirar a tela de um notebook é bom aproveitar e retirar também os alto falantes e usar com a placa.

 12. Os cabos para o display LCD com back light de LED chegaram hoje (coincidência ou lei de Murphy?) e acabo de fazer um teste rápido. Funcionou de primeira com a placa MT6820-MD. A tela ficou com alguns ruidinhos, mas deve ser por causa dos cabos LVDS (o ruído aumenta ou diminui conforme se mexe no cabo). Vou investigar isso no fim de semana com calma. Também vou ligar a placa de TV e testar e fazer um novo post (talvez com vídeos!). Aguardem.