Por dentro do testador de TV TR-0809

Durante minha visita (quase) semanal ao ferro-velho, enquanto fuçava num tambor cheio de fontes chaveadas, encontrei este pobre coitado jogado num canto entre a parede e o tambor:

Portable TV Tester TR-0809
Como se pode ver o equipamento não estava lá em muito bom estado. O medidor foi quase completamente destruído, sobrando apenas uma pequena parte da traseira com os parafusos de conexão. O dial de acrílico ficou só com um pouco mais da metade. Vários knobs faltando e os que sobraram não serviriam pra muita coisa:

Knob quebrado
Normalmente eu não levo equipamentos neste estado pra casa, mas como ele é valvulado pensei que seria bom pra tentar aproveitar algumas coisa. Equipamentos valvulados estão cada vez mais raros de se ver e como já deixei passar muita coisa antes, pensei que seria melhor prevenir o arrependimento.

Chegando em casa dei uma pesquisada rápida e encontrei até o manual do aparelho com os esquemas. Ele é um "Portable TV Tester" modelo TR-0809, fabricado na Hungria pela Hiradástechnika Szövetkezet (HTSZ). É basicamente um gerador de RF (5.2 a 230 MHz em 6 faixas) e um VTVM (voltimetro eletrônico) em um único equipamento.

Olhando a parte de trás dá pra ver que alguém tentou usar um pouco de força bruta para separar as partes:

Chassi valvulado

Como o chassi é todo de aluminio parece que o objetivo era quebrar tudo pra separar o metal mais caro. Nota-se também a ausência do transformador de alimentação, que é algo que já me acostumei. O trafo é uma das primeiras coisas que o pessoal da reciclagem procura retirar, por causa do cobre.

chassi amassado
Não se deram nem ao trabalho de retirar as válvulas durante o processo, inclusive uma delas já havia perdido grade parte do vidro:

valvula quebrada

Tive que retira-la com todo cuidado pra não me cortar:

Valvula quebrada

A parte do oscilador do gerador de RF fica num "cofre" de alumínio fundido com algumas engrenagens ligadas mecânicamente aos controles no painel:

Oscilador de RF

O curioso destas engrenagens é que pensei que elas serviriam como redução para o capacitor variável de ajuste de frequência. Abrindo o "cofre" vi que na verdade elas estão ligadas a chave de seleção de escala de frequências (chave de onda, como se dizia antigamente) que chaveia as bobinas do circuito tanque. O capacitor variável é feito com três peças e deve ter dado trabalho para o montador alinhar ele direitinho e não causar um curto entre as partes:

Circuito interno

A montagem disso aí realmente não parece fácil. É bem apertado aí dentro:

Circuito do oscilador

O tubo preto ali fora é uma caneca com uma válvula dentro (o "cofre" tem duas válvulas).

Como dá pra ver não é possível (para uma pessoa normal) restaurar o aparelho. Comprei para tentar reaproveitar alguma coisa. Tentei retirar o máximo de componentes possíveis (seguindo as minhas regras de aproveitamento):
  • Num equipamento tão antigo geralmente não dá pra reaproveitr os capacitores eletrolíticos, pois já devem estar "secos". Deixei eles como estavam...
  • Guardei as válvulas, embora não tenha como testar no momento. No pior caso elas viram enfeites na estante.
  • Retirei os soquetes das válvulas. Por algum motivo obscuro soquetes de válvulas custam muito caro, até no Ebay.
  • O VTVM tinha um divisor resistivo com resistores de 0.5% de tolerância. Testei pra ver e parecem estar dentro da faixa. Se depois de tanto tempo eles estão assim é por que são de ótima qualidade. Já até pensei num projetinho pra eles.
  • Resistores de potência eu salvei os que não estavam quebrados e mais alguns capacitorzinhos. Muitos não resistiram as pancadas.
  • Ele tinha várias bobinas com fio litz. Guardei mais por causa do fio, os núcleos de ferrite estavam quebrados.
  • Partes mecânicas (eixos, parafusos, etc).
  • Diodos de germânio. Acho que tirei uns quatro.
Depois de retirado os componentes que me interessavam guardei o resto do chassi para entregar ao carroceiro que recolhe material reciclável. Ele vai ficar feliz com as peças de alumínio.

Célula Solar com transistores na Projete 2013

Pois é pessoal, todo ano eu publico fotos da Projete (feira de eletrônica com projetos dos alunos da ETE-FMC). Ano passado eu tentei fazer diferente e filmei o evento para depois editar um vídeo grande e comentado. Como o evento aconteceu à noite as filmagens não ficaram muito boas e o áudio, com muita gente falando ao mesmo tempo, também não colaborou.

Sendo assim selecionei esta pequena parte (com iluminação melhor), onde me explicam sobre uma célula fotovoltaica feita com dois transistores em encapsulamento TO-3. Esta demonstração ficava numa área reservada para apresentação de experiencias cientificas e não era projeto de alunos.



Lembro de ter lido sobre isso em alguma revista "Eletrônica Total" ou "Eletrônica Junior", mas nunca montei. Desmontar transistores TO-3 (2N3055?) assim não era para o meu bolso.

E além da filmagem ter ficado escura e ruidosa ainda tive que aguentar isso aqui:

Som do PC: A Volta da Fonte Chaveada de Alta Tensão

Depois de concluir as caixas de som é hora de voltar para a fonte de alimentação do amplificador valvulado. Enrolei outro transformador com uma espira a mais no enrolamento de 6,3V (filamentos) para tentar diminuir a largura do pulso quando em carga máxima. Nesta etapa tirei apenas uma foto, com o trafo pela metade:

Transformador da fonte

Já montei o trafo no lugar e a largura de pulso ficou em 77% com carga consumindo 3A na saída de 6,3V e 25mA na saída de alta tensão (que deu 240V neste caso). E meu problema continua sendo a saída de alta tensão. Como o loop da fonte não é fechado nesta saída a variação de tensão depende da carga. A queda de tensão ultrapassa 100V com e sem carga.

Com esta variação a idéia (já prevista na placa) de usar um LM317 para regular os 270V foi descartada. Pensei em usar um regulador Maida, mas pelos meus cálculos ele deve esquentar muito. Esta opção já está quase descartada também. Pensando mais um pouco cheguei a três novos cenários, na seguinte ordem:

1. Regular a fonte pela saída de 270V e colocar um outro regulador na saída de 6,3V. Como o consumo dos filamentos vai ficar por volta de 4A será melhor descartar um regulador linear.

2. Montar duas fontes separadas, cada uma com seu loop. Precisarei de dois transformadores com núcleos menores que não tenho no momento (vou ter que comprar).

3. Chutar o balde e colocar um trafão de 60Hz. Vai ficar caro, mas funcionaria de primeira.

O (1) é o mais fácil de testar e devo fazer isso neste fim de semana. O (2) vai dar um trabalhão, principalmente fazer outra placa. O (3) seria "jogar a toalha" e fazer o que todo mundo faz, então é melhor eu não precisar chegar até aí.

Aprendendo Python da maneira mais difícil

Lear Python the Hard Way
Tropecei  neste livro (Lear Python the Hard Way) mês passado e acabei tentado a seguir os seus 52 exercícios. Não que eu tenha alguma necessidade imdediata de usar Python, mas após ler a introdução a curiosidade acabou vencendo.

O "Hard Way" do título refere-se a maneira como os exercícios são passados. Uma listagem de código é dada e o autor pede para que você digite tudo, linha a linha. Depois é mostrado o que deve acontecer quando você rodar o código. E a seguir vem algumas pequenas tarefas para entender o código. Os conceitos básicos são passados rapidamente e o leitor tem que tentar entender o código por si mesmo, analizando a listagem e/ou procurando na web. E isso se repete e repete e repete (estilo senhor Miyagi).

Não segui os exercícios à risca (são muito repetitivos), mas testei todos os códigos. Acho que já posso dizer que tenho uma noção de Python (não é tão difícil assim) e que até daria pra tentar encarar algo maior. O resultado então foi muito bom e recomendo.

E o melhor do livro é que você pode ter acesso a ele sem pagar nada. Todo o conteúdo está disponível na web. Claro, se você quiser comprar existe uma versão paga (US$29,59) que dá acesso além do livro em PDF a vídeos com os exercícios.

E melhor ainda é que o autor, Zeda Shaw, tem outros livros na mesma linha sobre Ruby, SQL e C (ainda na versão Alpha). Só largar do Facebook por uma

Sete erros no vídeo "Metamorfose Ambulante" da Vivo

A Vivo e a Samsung lançaram semana passada o seguinte vídeo/homenagem a Raul Seixas no Youtube:



O vídeo foi muito bem recebido e já passou dos cinco milhões de visualizações. Como eu sou chato notei alguns problemas depois da segunda vez que assisti. Depois de assistir mais umas dez vezes comecei a ficar incomodado e levantei a seguinte listinha:

1.   (00:34) - O poderoso berrante:
Metamorfose Ambulante

Até pode ser chatice de minha parte, mas numa superprodução destas poderiam ter mais cuidado com o áudio. O cara puxa uma cornetinha daquelas e, claramente sem sincronismo com a imagem, toca como se fosse um berrante de rodeio de dois metros de comprimento.

2. (o vídeo todo) - Efeito "monólito negro" dos gadgets
Tá, é só um comercial... Mas em vez de procurar comida na "nave" os caras ficam fuçando nos celulares, tablets e laptops. E a partir daí a propaganda nos mostra a melhora na vida dos pré-históricos homenzinhos após o contato com os gadgets. Só de contemplar as telas eles já aprendem a ler (e a escrever, já que aparecem resultados de buscas nas telas).

3. (02:14) - GPS funcionando?
De onde vem o sinal do GPS? E o mapa mostra o que? Parece que os caras da nave (cadê eles?) trouxeram tudo, até os satélites da rede GPS.

4. (02:29) - Olha o 4G ali no topo da tela...
Dizem que o 4G existe, eu nunca vi nem o 3G de verdade. De onde vem o sinal? Da nave? As antenas estão dentro da caverna? Montaram uma rede de celular naquele lugar pra que? Perguntas e mais perguntas... Legal a precisão da localização (Planeta Terra). O GPS não estava funcionando agora há pouco?

5. (04:34) - Luthier pré-histórico
O cara constrói uma guitarra inteira, com ferramentas de pedra, apenas olhando as instruções num tablet. Inteira INTEIRA mesmo! Olha aí em cima, ele fez até os captadores e os potenciômetros. Só queria saber como ele testou. Será que tinha um amplificador na "nave" ou ele montou um? Calma que piora...

6. (04:42) - 1976
Agora descobrimos que a nave é uma máquina do tempo e o cara digita o ano de 1976 e logo em seguida descobrimos que ele é o Raul Seixas! Ou quase isso, talvez um Raul Seixas da Terra 2. O Raul de verdade não pode ser, pois se fosse ele teria que vir alguns anos antes. Se este fosse o Raul de verdade não teríamos "Krig-Ha, Bandolo!", "Gita" e "Novo Aeon", os discos que foram lançados antes de 1976 e que concentram os maiores sucessos do Raul (Incluindo "Metamorfose Ambulante"). Raul não teria conhecido Paulo Coelho, nem teria sido "convidado a se retirar do país", pois não haveria a "Sociedade alternativa". Enfim, não seria o Raul.

7. (05:16) - Eu nasci há 10 mil anos atrás...
Metamorfose Ambulante
O clipe termina com o "Raul da Vivo" cantando "Eu nasci há dez mil anos atrás", dando a entender que era verdade (que ele veio do passado), sendo esta a grande revelação do clipe. Só que a música fala claramente que não é o Raul que diz isso e sim um velhinho que ele viu sentado na calçada, com uma cuia de esmola e uma viola na mão.