Minha Fonte de Bancada

Fonte montada e funcionando!
RevistaPois é, finalmente montei minha fonte de bancada. A inspiração veio de um circuito publicado na revista “Nuts and Volts” de Março de 2007. Como veremos mais pra frente não há nada de revolucionário no circuito já que ele segue a risca o que está no manual do CI LM317. A escolha deste CI evita os grandes circuitos com proteção contra sobrecorrente, excesso de potência ou temperatura. O LM317 possui tudo isso internamente. A fonte do artigo possui três saídas sendo duas de 0 a 20V (1 A) e uma de 5V (1 A). Como decidi não gastar muito com a fonte tive que limitar a especificação para 0 a 15V (1A). Acabei incluindo uma saída de 5V também mas não recomendo fazer o mesmo devido a potencia dissipada no 7805.

O ponto mais importante de uma fonte destas é que ela tem que ser linear e não chaveada. Fontes chaveadas geram muito ruído e isso pode atrapalhar quando precisamos alimentar circuitos mais sensíveis. Assim segui rigorosamente o clássico esquema “Transformador + dois diodos + capacitor”.

Como já havia dito em outro post reaproveitei a caixa do meu antigo estabilizador, não sem antes sofrer com a furação e cortes do painel. A chapa da caixa possui 1mm de espessura e é feita de ferro. Deu trabalho cortar e furar com a micro retifica. Quebrei mais da metade de um tubo de discos de corte de 0.8 mm na brincadeira:

Discos QuebradosAbaixo uma foto da caixa já com os cortes para os medidores e o inicio da furação:

Caixa inacabadaAgora a frente lixada já com todos os furos terminados:

Caixa furada e lixadaOs furos para o trafo e fixação da placa já existiam na caixa. No painel traseiro fiz dois cortes para duas chaves e um furo para um porta fusível.

Passando para a parte eletrônica usei como base o artigo da revista e os dois circuitos abaixo retirados do datasheet do LM317:


Esquemas básicos
O primeiro circuito ilustra o funcionamento do CI e a fórmula para calcular a tensão de saída. Já o segundo circuito mostra como obter uma tensão variável de 0 a 30 Volts. A polarização negativa vinda do zener anula a tensão de referencia do LM317 (1.25V). Assim a fonte pode ir de 0V até a tensão nominal desejada.

Meu esquema final ficou:

Esquema da fonte
Neste esquema não está desenhada a saída extra de 5V. Puxei essa saída direto do 19V filtrado. Isso não é muito recomendável já que a acentuada queda de tensão no 7805 faz com que o bichinho trabalhe muito quente mesmo com correntes baixas.

A entrada de rede também não está no esquema. A fonte possui duas chaves para a entrada AC sendo uma para as quatro tomadas originais que eram usadas pelo estabilizador e outra para a fonte. Dessa maneira posso usar a fonte como extensão de tomadas. Coloquei também uma chave para selecionar a tensão de entrada em 110 ou 220V para o caso de precisar usar o aparelho em outra rede elétrica.

Como nesses circuitos o componente mais caro é o trafo optei por usar um que eu já tinha faz um bom tempo. Comprei esse trafo em 1994 para fazer um amplificador com TDA2002. É uma peça de 12+12 por 2.5 A. O correto seria usar um de 15 V, mas o meu gera um pouco mais que 12V então serviu do mesmo jeito. Após a retificação e filtragem consegui quase 20 VDC sem carga. Depois de ter servido muito bem no amplificador eu o reutilizei numa fonte para o meu Sega Genesis (conhecido por aqui como Mega Drive).

Montagem final da fonteEu tenho alguns capacitores de 2200uF/25V nas caixas de componentes por isso a opção de usar dois em paralelo ao invés de um de 4700uF. O zener de 1.25V do manual eu troquei por dois diodos 1N4007 cada um com 0.7V de tensão direta. Isso dá 1.4V e serviu para compensar o fato do potenciômetro que usei para ajuste de tensão ter uma resistência de 90 Ohms quando totalmente fechado. Ao final consegui uma tensão mínima da fonte de 0.2V.

E por falar em potenciômetro, na fonte do artigo foram usados dois para ajuste grosso e fino. Novamente recorrendo a caixa de componentes eu encontrei cinco pots multivoltas (10 voltas) que fornecem uma precisão maior de ajuste. Pequei um que já estava montado em uma chapa de alumínio. Este potenciômetro tem o único problema de possuir um eixo muito fino. Nenhum knob que eu tentei usar servia. Após uma tentativa frustrada de fazer um knob só pra ele decidi deixar só no eixo mesmo. Abaixo vemos o knob que quase deu certo. Usei um pedaço de plástico usado para fazer botões de roupas ligado ao eixo da retifica. Com uma lixa deixei ele redondinho e depois dei um polimento. Ficou muito bom. O problema é a quantidade de pó gerado no processo. Depois de pronto acabei furando o centro no ponto errado e perdi o knob. Qualquer dia eu tento de novo...

Tentativa de KnobOutra decisão de projeto que já comentei antes foi a de usar dois medidores de ponteiro. Eles oferecem menor precisão que os digitais mas são bem mais rápidos. Um medidor digital típico não passa de três leituras por segundo. Para verificar variações rápidas de corrente eles não servem. E os dois que usei saíram de graça. Eram dois VU´s que eu havia retirado de um gravador velho. Usando o programa Meter fiz as novas escalas que ficaram assim:

Medidores originais
Medidores finalizadosUsei uma placa de circuito impresso universal para a fonte cortada para encaixar no espaço entre o trafo e o painel frontal. Abaixo uma foto do teste que fiz para ver se tinha espaço pra tudo (O circuito montado no trafo era o que sobrou da fonte do Genesis):

Disposição InternaMontado o circuito tudo funcionou normalmente. Os únicos ajustes era o da tensão máxima e os dos medidores. A tensão máxima foi ajustada colocando o potenciômetro de 5k no máximo e ajustando RV4 até conseguir os 15V de saída. O medidor de tensão foi parecido. Usando o multímetro digital coloquei a fonte em 15V e ajustei RV3 até conseguir a leitura correta. Já no medidor de corrente usei um resistor de 3.9 Ohms como carga e ajustei a fonte para obter uma leitura de 1A no multímetro. Daí foi só rodar RV2 para até chegar na deflexão certa.
Painel traseiro Update 01/02/2008: A fonte apresenta um problema que ainda não consegui resolver. Ao se desligar pela chave AC a tensão da saída sobe antes de descarregar os capacitores. A solução por enquanto é desligar primeiro a chave frontal (DC) para depois desligar a chave traseira (AC).

Economizando nos componentes eletrônicos...

Como já cansei de falar aqui, estava montando uma fonte de bancada (o post tá quase pronto). Então, neste projeto precisei de um resistor de potência que inicialmente seria de 0.1 Ohms e serviria para medir a corrente de saída da fonte. Após tudo montado eu descobri que houve um erro de cálculo e não dava pra ajustar a medida além da metade da deflexão da escala. O valor de 0.1 Ohm gerava no máximo 0.2V com a fonte fornecendo 1.5 A. Precisava aumentar o valor do resistor para que a tensão subisse um pouco mais e atingisse um ponto melhor para ajuste.

Como já era noite e não tinha um valor próximo para usar decidi comprar um resistor novo pela manhã. Aconteceu então de eu levar o meu sobrinho junto, já que ele iria passar numa petshop para comprar uns peixes de aquário. E essa petshop fica muito perto de um ferro-velho que sempre tem algumas placas e sucatas eletrônicas por um bom preço. Aproveitei para dar uma passada por lá também e ver as “novidades”. Junto às montanhas de velharias encontrei a placa abaixo (provavelmente de uma impressora Rima) que possuía dois resistores de 0,56 Ohms 2W (R22 e R23) que serviriam perfeitamente em minha fonte.
Placa impressora RimaEncontrei também estas duas placas que acredito ser de telefones sem fio e que devem fornecer alguns componentes.

Placa Telefone sem fio 1 Placa Telefone sem fio 1Mas o achado mais estranho foi o de um livro que eu procurava já há algum tempo. Num saco de livros velhos estava esse “A terceira visão” do picareta do Lobsang Rampa.

PlacasJuntei tudo isso e fui até o velhinho do ferro-velho que pediu a enorme quantia de R$1,00 por tudo. Eu nem tentei pechinchar, afinal eu pagaria quase a metade disso num único resistor novo.

Resultado da brincadeira: Três placas com alguns componentes que podem ser usados em algum projeto. Destas a placa da Rima é a que tem mais a oferecer, como uma memória 27C512 pra gravar uns jogos de Atari (16 jogos de 4k) e 20 transistores de potência (TIP127 e TIP122). Fora que agora poderei falar mal do Rampa com mais autoridade.

Nem preciso falar que não passei na loja de componentes depois...

Consertando o velho problema dos capacitores do Sega Game Gear

Para quem coleciona videogames da Sega um dos itens que mais dá dor de cabeça pra encontrar em perfeito funcionamento é o Sega Game Gear. Não por sua raridade, mas por 99% destes aparelhos apresentarem defeito. O que poucos sabem é que o conserto pode ser relativamente simples.

Game Gear ConsertadoTenho três Game Gears, todos com algum defeito. Essa semana resolvi consertar um deles depois de ter encontrado no fórum do SMS-Power a solução para o defeito mais comum do console. No fórum encontrei também um link com uma pagina (em inglês) com uma descrição mais detalhada dos sintomas e da solução.

Os sintomas mais comuns são os seguintes:
-Imagem muito fraca, só podendo ser vista de certos ângulos;
-Excesso ou falta de brilho, pouco contraste, cores desbotadas;
-O console liga e logo em seguida desliga. O problema diminui se ajustado para um brilho menor;
-Sem som, com som apenas nos fones de ouvido, som muito baixo e/ou distorcido em excesso;

Em todos os casos pode acontecer de o videogame melhorar após um tempo ligado.

Todos estes problemas são causados pelos capacitores eletrolíticos usados na época. Estes capacitores acabam envelhecendo rápido demais e vazam após alguns anos. Dá pra notar os capacitores defeituosos só de olhar para a placa principal do videogame. Normalmente eles apresentam uma meleca verde no terminal que corrói a área em volta. Para consertar o Game Gear basta ir trocando os capacitores por eletrolíticos comuns até que o aparelho volte a funcionar. No meu caso eu troquei todos os capacitores, inclusive aqueles que não pareciam corroídos. Isso garante que o defeito não volte caso algum capacitor morra mais pra frente.

A troca dos capacitores da placa principal resolve a maioria dos problemas de imagem. Para o som recomendo trocar todos da plaquinha de som (com o TDA2822). Como eu queria apenas um console funcionando desmontei todos para ver se uma das placas de som funcionava. Infelizmente todas as três estavam com defeito. Uma delas além dos capacitores secos tinha sido corroída pelo vazamento das pilhas que alguém deve ter esquecido dentro do console. Esta eu deixei de lado pra arrumar quando estiver com mais paciência. Nas outras duas só tinham som na saída de fones de ouvidos e mesmo assim muito baixo. Após trocar os capacitores o som voltou alto e claro.

Placa de Som do Game GearPara os substitutos recomendo o uso de capacitores mais pequenos possíveis. Pode-se, como eu fiz, soldar os componentes e depois dobrar os terminais para que eles fiquem rentes a placa. Dependendo da posição em que se coloca o capacitor pode acontecer da caixa não fechar. A posição na placa de som é bem critica e pode levar um tempo até conseguir um bom arranjo para que um capacitor não atrapalhe o fechamento da tampa.

Game Gear 2 ASIC
Game Gear 1 AsicDos três consoles que tenho um usa dois CI’s grandes e os outros um CI apenas. O de um CI é da Tec Toy (nacional) e o de dois é SEGA (Americano). O número e os valores dos capacitores também varia conforme a placa. No meu caso os capacitores são:

Placa com dois CI’s:
C1 = 33uF, C3 = C6 = C48 = 10uF, C45 = C44 = 0,47uF, C31 = C39 = 100uF, C37 = 68uF, C35 = 4,7uF, C49 = 22uF

Placa com um CI:
C49 = C68 = 100uF, C47 = 68uF, C45 = 4,7uF, C43 = 22uF, C54 = C55 = 0,47uF, C1 = 33uF, C14 = C41 = C13 = C42 = 10uF

Existe ao menos mais um modelo de placa cujos valores de capacitores pode ser checado na página que citei acima.

As voltagens devem ser iguais ou maiores que as originais. Isso é fácil de se conseguir, já que a isolação da maioria dos capacitores usados no Game Gear é de 6,3 V. Nunca é demais lembrar que os eletrolíticos são polarizados e devem obedecer as marcações na placa. Da lista acima só não encontrei o de 68uF pra comprar. No lugar usei um de 47uF em paralelo com um de 22uF.

Placa do Game Gear ConsertadaNa maioria dos casos não é necessário trocar os capacitores da placa da fonte. Todas as minhas funcionam perfeitamente. Os capacitores neste caso não são do tipo que costuma dar defeito (SMD).

Algumas observações aleatórias:

-Em todos os testes usei minha fonte de bancada (que finalmente ficou pronta!) em 9V. O consumo do Game Gear fica em torno de 250mA o que dá quase os 3W indicados na etiqueta de especificação que vem na tampa de trás.

-A tela do Game Gear não possui uma imagem muito boa se comparada aos LCD’s atuais. Realmente os LCD’s melhoraram muito nestes 20 anos...

-Achei o som no alto-falante ruim, como em todo portátil. Com fones de ouvido fica bem melhor.

-Nem tente retirar o flat-cable do LCD! Fiz isso em um dos meus e vou ter muita dor de cabeça pra colocar no lugar. O flat parece que é soldado na placa. Pensei que era só colado e arranquei algumas trilhas ao puxar o LCD.

-O tema do Sonic (que é o único cartucho de GG que tenho) é a melhor musica já feita para um jogo!!!

Câmeras digitais vs. Areia de praia...

A Séfora retornou recentemente das férias na praia com suas duas câmeras digitais (Sony Cyber-Shot DSC P32 e Kodak Easy Share C713) apresentando o clássico problema de areia nos mecanismos. Digo clássico pois já li sobre vários outros casos iguais.
Sony Cyber-Shot DSC P32Isso é mais comum em câmeras com aquele tubo da lente que se move ao ligar a câmera. É só entrar areia ali que o mecanismo fica mais lento ou trava. No caso da Kodak dava pra ouvir o arranhar da areia no tubo e o motor travando. Fora o cheiro de queimado que ficava. O disco de seleção de modo também estava com areia e o protetor da lente só abria um pouco. Já a Sony não possui o tubo retrátil da lente e o contato com a areia foi menor.

Sony Cyber-Shot DSC P32 por dentroEntão, como mandar as duas para a manutenção certamente sairia caro acabei recebendo a tarefa de fazer a limpeza. Estas câmeras possuem parafusos bem pequenos por isso é bom ter um jogo de chaves de precisão (como as usadas por relojoeiros). Outro detalhe é que a caixa plástica não é fechada apenas pelos parafusos, mas também por travas ao longo da borda. É preciso tomar cuidado pra não quebrá-las sob pena da caixa não fechar direito depois.

Comecei pela Kodak retirando a tampa frontal e verificando os mecanismos. A quantidade de areia não precisa ser grande, qualquer grão entre a caixa e o tubo retrátil pode travar tudo. Na foto abaixo os pontos brilhantes no anel são os grãos de areia que entraram pelas frestas.

Areia por dentro da cameraUsei três pinceis comuns para limpar a areia, sendo um fino macio, um grosso macio e um chato duro. Limpei o anel do painel frontal e a parte do mecanismo externo da lente. Também havia areia nos conector USB e no suporte de pilhas. O disco de seleção de modo foi fácil de desmontar e limpar mas deu um trabalhão para montar de novo. É preciso muita paciência pra colocar tudo no lugar depois de desmontado.

Desmontei o mínimo possível, limpando e testando a cada etapa. Por sorte só precisei retirar os painéis frontal e traseiro e limpar com os pinceis para que a câmera voltasse ao normal. Dependendo de até onde a areia entre pode ser necessário desmontar todo o mecanismo. As lentes não devem ser tocadas para evitar arranhões e a gordura dos dedos. Para limpá-las o ideal é usar um lenço próprio para este trabalho.

Kodak Easy Share C713 por dentroA limpeza da Sony foi mais por precaução. A parte mecânica é mais simples que a da Kodak e ela possui protetores de borracha nas entradas. O processo de desmontar é um pouco mais complexo pois ela possui muitos flat cables para desconectar e as placas de circuito têm que ser retiradas para se chegar ao mecanismo. Novamente é bom ter muita paciência para não quebrar nada. Qualquer excesso de força pode resultar em uma câmera que não fecha mais.

Aqui fica a dica para quando for comprar uma câmera digital verificar se as entradas são bem protegidas. Alguns modelos usam tampas de borracha que vedam os conectores externos. A Kodak C713 não possui estas proteções e o conector da USB é muito grande, facilitando a entrada da areia.

Sony Cyber-Shot DSC P32Outra crítica que faço da C713 (e as câmeras Easy Share da Kodak) é a necessidade se usar o pacote de software que vem com o aparelho. As fotos só podem ser retiradas da memória usando esse software. Claro que existe a possibilidade de retirar o cartão SD e colocar num leitor externo, mas isso pode incomodar. Principalmente se você comparar com modelos de outros fabricantes onde a câmera aparece como um disco externo no gerenciador de arquivos.